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8 DE SETEMBRO 2020

João Vítor Xavier conversa sobre acessibilidade em BH com David César

A live no Instagram do pré-candidato a Prefeito da cidade tratou de acessibilidade e mudanças na capital com o produtor inclusivo do Mineirão

“Os problemas de acessibilidade só serão quebrados se nos aproximarmos”. Essa foi uma das mais fortes falas de David César, que participou na noite de quinta-feira, 03 de setembro, de mais uma live do pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte, João Vítor Xavier.

A conversa foi a oportunidade do deputado estadual e do também palestrante trocarem ideias sobre acessibilidade na capital mineira. Mais do que ideias, David César trouxe a sua vivência como cadeirante: “É preciso naturalizar nossos corpos”, afirma David.

O deficiente na boemia de Belo Horizonte
Em dezembro, David foi contratado pelo Mineirão para ser produtor inclusivo do estágio – função que ele deixou de exercer devido à pandemia. “Eu trabalhei em alguns festivais em Belo Horizonte. Parte da minha história faz parte da vida noturna de BH. Sou um apaixonado pela vida noturna de BH”, assume David.

Essa paixão e a experiência de David nas noites da capital o fez desenvolver uma empresa de consultoria voltada para o atendimento em grandes negócios e festivais ao atendimento a pessoas com deficiência: “meu maior propósito como produtor inclusivo é entender que precisamos resgatar as pessoas com deficiência para esses ambientes”, se referindo à vida noturnade cena cultural de BH.

Com esse backgound de David, o pré-candidato perguntou como a sociedade pode receber melhor esse público no dia a dia. “Nós somos consumidores de qualquer maneira. E BH tem um dilema, ainda mais na vida dos bares e restaurantes, em que lugares tradicionais são construções antigas. E você entrar numa luta contra a questão arquitetônica é tirar a identidade desses bares”, contextualiza David.

Sobre isso, ele questiona que não existem estratégias inclusivas do governo e do próprio proprietário do local, de maneira que essas medidas não prejudiquem nem o dono do local com grandes reformas, e nem impeçam que a pessoa com deficiência possa usar o lugar normalmente.

Para David, o processo de inclusão, é um processo de sedução: “É preciso seduzir. Você entra na cabeça daquelas pessoas envolvidas, você seduz elas e torna isso em uma possibilidade de negócios”.

O cenário da mobilidade no país e na cidade
João Vítor quis saber de David se estamos, de fato, em um país que respeita a deficiência. O produtor foi direto: “Nós estamos em um país que marginaliza a deficiência. Que a coloca num lugar de caridade, no que chamamos de capacitismo, que é um lugar do preconceito, que é um lugar da desinformação”.

Trazendo a discussão para Belo Horizonte, João Vítor lembrou que os ônibus da capital estão sem cobradores desde 2017. Isso prejudica a sociedade como um todo, mas deixa ainda mais grave a situação da mobilidade para as pessoas com deficiência.

“Para gente, teve um grande impacto a retirada dos trocadores. Isso muda a nossa relação com os motoristas e como a sociedade como todo”, diz David. Para ele, essa relação é afetada quando a sociedade vê que o simples fato de um cadeirante usar a elevador, ser um fator de atraso para a vida de outras pessoas. “Sem os trocadores a gente é afetado, por ter pessoas muito reativas nesses locais”, conta.

Com relação aos ônibus, David lembra que os veículos não são acessíveis, e sim, adaptados: “ônibus acessíveis são aqueles com chão mais baixo, que vai até o nível da calçada”.

E diz ainda que a situação da mobilidade, principalmente com o cadeirante – condição dele – precisa ser mais organizada nas cidades, desde ônibus a aplicativos de transporte. Nesse último caso, ele diz que existem muitas recusas de motoristas por receio de ter o carro arranhando pela cadeira de rodas.

Soluções
Partindo para a discussão sobre possíveis caminhos para que Belo Horizonte seja mais inclusiva, João Vítor quis saber de David o que ele acredita que poderia ser feito na esfera pública, pela sociedade e pela população.

“A melhor solução para a inclusão é o diálogo. Existe uma frase na comunidade das pessoas com deficiência que é ‘nada sobre nós, sem nós’. Muitas vezes, as ações são tomadas sem nos consultar! Sem ver se aquela situação é propícia para nós”, responde David.

A conversa completa com David pode ser assistida pelo canal de Youtube do João Vítor Xavier.