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21 DE AGOSTO 2020

Empreendedorismo social é tema de bate-papo com Dai Dias

Deputado João Vítor Xavier e empreendedora social debatem o papel do poder público no terceiro setor


O deputado estadual e pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte, João Vítor Xavier, realizou uma live em seu Instagram (@joaovitorxavierbh), nesta quarta-feira (19/08), com o tema “O terceiro setor na esfera pública”. Foi convidada para o bate-papo a empreendedora social, fundadora do Banho Solidário e da Rede Solidária BH, Dai Dias (@daidiasbh).

A conversa foi iniciada com o relato da criação desses dois importantes projetos, que focam, respectivamente, em oferecer dignidade a dependentes químicos e em fortalecer iniciativas com impacto positivo na cidade.

João Vítor, que já conhecia o trabalho de Dai, relembrou a experiência de participar das ações solidárias realizadas. “É muito tocante conversar com as pessoas, ouvir a história delas. Foi muito interessante conversar com vários voluntários e ver a fome que têm de recuperar o ser humano!”, comentou.

O deputado também se recordou de quando se aproximou da comunidade Fazenda da Esperança, época em que ele propôs um projeto para permitir que verbas da saúde fossem usadas no tratamento de dependentes químicos.

Segundo João, a entidade não acreditava que seria possível receber o recurso e, um ano depois, tinha R$ 6 milhões para ampliar suas atividades. “Nós fizemos todo o trabalho de ajuda e de assistência para que a entidade recebesse o dinheiro e, depois, prestasse contas do que foi utilizado nessa oportunidade. Eu conheci centenas de pessoas que estavam no fundo do poço e que haviam se recuperado”, contou João.

Moradores de rua são preocupação séria em BH

Na live, a situação da população de rua, alvo das iniciativas da empreendedora social, foi debatida. Para João Vítor Xavier, as pessoas em situação de rua são um problema grave para a capital e um tema que precisa ser tratado com muito cuidado. “Eu me preocupo muito com os moradores de rua e minha percepção é que isso tem crescido de maneira dramática nos últimos anos. E me parece que a prefeitura tem empurrado esse problema para debaixo do tapete”, avaliou João.

Dai Dias, concordando com o deputado, disse que a percepção de quem vive no dia a dia (o trabalho com os moradores de rua) é a de que os números reais são maiores do que os divulgados.

“Segundo o Cadastro Único da prefeitura, BH tem 4.600 moradores de rua. Nós servimos, em um final de semana, 6 mil marmitas para população de rua, e a gente não conseguiu atender às 9 regionais. Belo Horizonte tem em torno de 600 projetos sociais; sendo que mais da metade são voltados para população de rua. E os projetos não conseguem atender. Tem pessoas que estimam mais de 10 mil moradores de rua em BH”, explicou.

Para João, a rua não é lugar de pessoas viverem; o poder público precisa garantir um local adequado onde elas fiquem abrigadas e sejam acolhidas. “Em um número estimado, nos últimos 4 anos, pulamos de 5 mil a 10 mil moradores de rua. Nesse tempo, a prefeitura abriu 100 vagas nos abrigos e albergues da cidade; várias delas, que começaram a ser construídas na gestão de Marcio Lacerda. Nos últimos 2 anos, a prefeitura não abriu nenhuma vaga nova!”, detalhou João.

Dai relatou que, por sua experiência, antes de criar novas vagas, o poder público ainda precisa melhorar as existentes, para que os moradores de rua se sintam bem acolhidos e seguros nas instituições.

Quais são as soluções?

Para Dai, o primeiro passo é criar diálogo entre o terceiro setor e o poder público. “A gente, do terceiro setor, entende o que está falando. Estamos diariamente lidando com a população de rua. A gente pode dar centenas de sugestões para você. A gente consegue fazer isso de verdade e de maneira muito mais eficiente e barata. O terceiro setor tem essa habilidade de resolver problema com pouco recurso”, defendeu Dai.

João, reforçando que o seu plano de governo será construído com muito diálogo, convidou Dai para contribuir com propostas sobre o tema. “Gostaríamos de te convidar, e a toda turma da Rede Solidária, para discutir propostas práticas e construir políticas públicas para moradores de ruas, famílias desabrigadas. Nosso plano de governo será construído por quem está com a mão na massa”, disse o deputado.

Dai não só contou suas experiências e fez sugestões, mas compartilhou perguntas, para conhecer melhor a opinião de João Vítor Xavier, como pré-candidato à prefeitura de BH, quanto aos temas relacionados ao social. A primeira delas foi sobre a relevância dos projetos sociais na visão da esfera pública.

“É fundamental. Nós precisamos sair dessa posição de que o poder público dá conta de tudo. Claro que o cidadão que paga imposto tem que receber serviço público de qualidade, mas a gente tem que se envolver e colocar a mão na massa. E o que a Rede Solidária faz é dar exemplo”, respondeu João, contando que seu mandato se relaciona com mais de 500 entidades assistenciais, como APAE, clínicas de recuperação, times de futebol amador, entre outras iniciativas voluntárias com impacto social.

Dai continuou perguntando sobre como, para João, deveria ser a atuação do setor público dentro do social. “Os governos têm oportunidades incríveis e toda relação desses setores é uma via de mão dupla. Então, a primeira coisa é ouvi-los para que vocês possam dar vazão ao conhecimento que têm. A segunda é abrir a propaganda institucional da prefeitura para fortalecer esse tipo de projeto”, indica, propondo ainda a disposição da estrutura que a prefeitura possui para uso por esses projetos.

Rede Solidária foi uma das entidades beneficiadas com doações do Deputado

No início da pandemia, o deputado João Vítor Xavier doou três meses de seu salário para entidades públicas. Uma delas foi a Rede Solidária. “A doação que você fez de seu salário foi usada no Morro do Papagaio. A gente investiu o valor lá dentro para comprar cestas básica e distribuir nas 16 comunidades em que nós estamos trabalhando”, contou Dai.  

“Eu senti que era um dever dar minha parcela de contribuição social. Eu doei em dois meses para hospitais públicos aqui em Belo Horizonte, para a compra de aparelhos, máscaras, luvas e aventais, para médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. E doei um mês para o seu projeto social, o Rede Solidária”, explicou João.

Sobre o Banho Solidário e o Rede Solidária

Dai contou que o Banho Solidário foi criado em 2016, depois de uma visita à Pedreira Prado Lopes: “Quando eu passava na Antônio Carlos, e eu via a pedreira, eu morria de medo. Falava: ‘que lugar é esse? Que cracolândia é essa que se formou em tão pouco tempo?’ Na verdade, não era em pouco tempo.
Ela já existe há alguns anos”, contou Dai. Com essa impressão e sabendo que o lugar era abandonado pelo poder público, a empreendedora fundou o primeiro projeto de BH a oferecer banho a usuários de crack da região.

Já a Rede Solidária surgiu, entre o fim de 2017 e o início de 2018, para prestar consultoria gratuita a outros projetos sociais. “Nasceu com essa ideia de fortalecer os projetos de impacto positivo na cidade. Então, eu me reunia com a liderança de alguns projetos e prestava consultoria gratuita pra evitar que esses projetos morressem por falta de gestão”, explicou.

Com a pandemia, ambas as iniciativas foram paradas, mas o trabalho foi reinventado: Dai passou a mobilizar os ativistas para a entrega de marmitas aos moradores de rua nesse tempo de pandemia. “A PBH tem que aplaudir de pé o voluntariado da cidade, já que são pessoas que estão nas ruas que, durante a pandemia, estão correndo o risco, fazendo o que a prefeitura não deu conta de fazer”, destacou.
O bate-papo ao vivo do deputado João Vítor Xavier e da empreendedora social Dai Dias está disponível no Instagram, Facebook e YouTube.